sexta-feira, setembro 28, 2007

Um soco no estômago...


... foi o que senti ao ler este título: "Why minimal guidance during instruction does not work: An analysis of the failure of constructivist, discovery, problem-based experiential and inquiry-based teaching". Desculpe? Ando eu aqui a desunhar-me em experiências pedagógicas de ensino baseado em problemas, a usar o Moodle porque é baseado numa filosofia construtivista, a qual Guilhermina Miranda (que acabo de citar) defende ser um dos passos numa aprendizagem significativa, e afinal nada disto funciona?

Ainda não li mais do que o título, mas já espreitei a lista de publicações do autor, Robert E. Clark, e descarreguei mais alguns artigos de teor semelhante. Vou ler, seguramente: gosto de desafios!

quinta-feira, setembro 27, 2007

As TIC no ensino

Como tenho algumas responsabilidades no campo da tecnologia aplicada ao ensino, estou tão atento a este assunto quanto possível. Já conhecia a revista Sísifo, mas fiquei contente por me terem chamado a atenção para o seu último número. Dele repesco algumas notas do excelente artigo de Guilhermina Lobato Miranda, "Limites e possibilidades das TIC na educação".
"Existem mesmo autores, como Clark (1994), que consideram que os Media Educativos por si só nunca influenciarão o desempenho dos estudantes. Os efeitos positivos só se verificam quando os professores acreditam e se empenham de “corpo e alma” na sua aprendizagem e domínio e desenvolvem actividades desafiadoras e criativas, que explorem ao máximo as possibilidades oferecidas pelas tecnologias. E para isto é necessário que os professores as usem com os alunos:
a) como novos formalismos para tratar e representar a informação;
b) para apoiar os alunos a construir conhecimento significativo;
c) para desenvolver projectos, integrando (e não acrescentando) criativamente as novas tecnologias no currículo."
Esta é de facto a minha experiência: colocar professores em frente de computadores, ou generalizar a utilização da Internet, não resulta por si só em melhorias na aprendizagem. Os problemas tão reportados de plágio de textos obtidos na internet ilustram esta observação: na ausência de contextualização e de interiorização de métodos de trabalho e de princípios de ética, verifica-se a transposição dos velhos hábitos para os novos meios. A aprendizagem, essa, é a mesma.

Na sequência do seu artigo, a autora lista os elementos necessários para construir um conhecimento significativo, os quais são obviamente independentemente da tecnologia utilizada:
  1. "(...) os alunos constroem os novos conhecimentos com base nas estruturas e representações já adquiridas sobre os fenómenos em estudo e que devem estar cognitiva e afectivamente envolvidos no processamento da nova informação"
  2. "(...) os novos conhecimentos são adquiridos com base nas aprendizagens realizadas anteriormente"
  3. "(...) os professores devem apoiar os alunos a desenvolver estratégias de aprendizagem de modo a adquirirem hábitos de estudo e de trabalho intelectual, e ainda padrões de correcção do seu próprio trabalho, de modo a progressivamente se irem autonomizando da tutela do professor"
  4. "(...) o conhecimento, por parte dos alunos, das finalidades ou metas a atingir em cada situação de aprendizagem, facilita o processo de construção de conhecimento, pois imprime-lhe um intencionalidade e direcção"
  5. "(...) o seu sentido [da aprendizagem] advém do contexto onde foi realizada. São os contextos que facilitam ou, pelo contrário, dificultam a aplicação dos conhecimentos."
  6. "[A aprendizagem faz-se] em contextos de práticas sociais que implicam a colaboração entre iguais e destes com os adultos que, em princípio, se tornam os tutores que modelam progressivamente determinados conhecimentos e atitudes. A aprendizagem é aqui considerada sobretudo um processo de interacção social que deveria ser promovido pelos
    professores."
A autora termina o seu artigo numa nota negativa, temendo que a generalização do uso das tecnologias no ensino tenha que esperar pelo impulso das gerações mais novas. O meu pessimismo é de todo outro. A generalização do uso das TIC no ensino vai acontecer com certeza nos próximos anos. Só não acredito que mude substancialmente a percentagem de alunos que têm acesso a um ensino de qualidade e a uma aprendizagem que os enriqueça enquanto pessoas.

domingo, setembro 02, 2007

Wikis

Uma ferramenta com imenso potencial para trabalhos em grupo são os wiki. Este ano vou experimentar com os meus alunos: eles vão construindo o trabalho online, colaborando mesmo à distância, melhorando aos poucos, com a vantagem de eu e os colegas podermos ver e ir fazendo comentários em tempo real.
Uma possibilidade que cheguei a considerar o ano passado foi a de fazer uma contribuição para a Wikipedia, um pouco na linha do sugerido por Viv Rolfe (p. 11). Mas fazê-lo directamente não é aconselhável. Um passo intermédio resolveria o problema: um artigo da Wikipedia seria copiado para um wiki, analisado, trabalhado ao longo do semestre, validado de alguma forma (pedido de parecer a um especialista externo?) e depois incorporado de novo na maior enciclopédia online do mundo.
Para ficar a saber em 3 minutos o que é um wiki, veja o vídeo dos simpáticos da Common Craft. A seguir, pode começar logo a usar um: é grátis. Eu já usei o Wetpaint, e recomendo-o, apesar de ter anúncios. Outros sites, como o PBwiki, usam o formato de reduzir funcionalidades na versão gratuita: não é tão amigável. Mas não deixem de espreitar os White Papers.