quinta-feira, outubro 26, 2006

Filosofia e matemática

"Sans les matémathiques on ne pénètre point au fond de la philosophie. Sans la philosophie on ne pénètre point au fond des matémathiques. Sans les deux on ne pénètre au fond de rien." Leibniz


Estas eram, obviamente, as duas áreas principais de interesse de Gottfried Leibniz. Não entendo a primeira frase a não ser como uma exigência de rigor. Mas compreendo as últimas duas, e concordo com elas inteiramente: nenhum problema se resolve, nem o progresso se alcança, sem uma análise lógica e rigorosa de um problema, apoiada numa reflexão profunda e multifacetada.


A matemática e filosofia distinguem-nos dos outros primatas.

quinta-feira, outubro 19, 2006

De quem é a culpa?

Gostei de ver esta perspectiva sobre o plágio. Correndo o risco de ser acusado disso mesmo, mas justificando com base na etérea natureza da informação na internet, aqui fica o naco mais importante:

PLAGIARISM and cheating by today’s cut-and-paste generation of university students will never be stamped out unless lecturers stop spoon-feeding them a diet of handouts and PowerPoint presentations, a leading academic said yesterday.

Baroness Deech, head of the students’ complaints watchdog, said that the way in which education was now “packaged and delivered” just like any other product had dulled students’ sense of inquiry and spirit of adventure. One consequence was that they were more tempted than previous generations to cut and paste work from the internet and pass it off as their own, rather than to explore and find their own answers to questions.

“There is a culture of expectation among today’s students. They just take whatever is put in their hands, be it a handout or a PowerPoint presentation. That way you end up boiling down complex things to three bullet points.

“Students need to be told that their own thoughts about a subject are very important. They need to be challenged to respond in their own way instead of downloading, cutting and pasting,” she said.

“The weighing up of a range of views, the encouraging of non-conformity, the imbuing of intellectual tradition of inquiry are getting lost. If lecturers can imbue students with the view that they are searching rather than copying, then we might go some way towards tackling plagiarism.”

Computer use by students should be curbed to encourage them to seek out learning from a range of sources, she told a conference organised by the plagiarism advisory service JISC (the Joint Information Systems Committee), and Universities UK, representing vice-chancellors and principals.

Lady Deech said that hers was not a Luddite approach, and admitted that she was addicted to her computer. But she said that there came a time when students had to log out so that they could look at and listen to the world around them.

Taking down notes in longhand from a book in the library was better than cutting and pasting from the internet, she said, because it required students to “digest” material.

domingo, outubro 15, 2006

Doutoramento: para quê?

Ainda ontem discutia planos de doutoramento de um ex-aluno meu, e hoje vejo este post de LN, que remete para este artigo de LMP.

Repesco duas linhas, que coincidem com preocupações que tenho.

A primeira é a do tipo de formação que estamos a conferir aos doutorados. Um ênfase (que temo geral) numa abordagem reducionista leva à formação de ignorantes especializados; pessoas que, como dizia um primo meu, sabem quase tudo acerca de quase nada e quase nada acerca do resto. Também no doutoramento se deveriam colocar preocupações de transferibilidade de competências, começando desde logo pelas que LN enuncia: "respeito pela ética, responsabilidade científica e uma perspectiva de intervenção estratégica".

A segunda liga com esta: o que fazer no pós-doutoramento? Chegámos a um ponto em que o próprio pós-doutoramento foi institucionalizado: existem doutores que braqueiam de pós-doc em pós-doc, sem perspectivas de pisar terra firme. Deviam as empresas contratar doutorados? Concerteza. Mas todos os intervenientes no processo (estudantes, orientadores, universidades) deviam pensar nisso antes de submeter o plano de doutoramento a conselho científico.

O aconselhamento de carreira é cada vez mais importante, dada a passividade com que se aceita que os "empregos" foram substituídos pelas "carreiras".

quinta-feira, outubro 12, 2006

Bons ventos




Sem mais comentários, enviaram-me um URL: http://www.mec.es/educa/ccuniv/html/
metodologia/docu/
PROPUESTA_RENOVACION.pdf

Fui ver e o título saltou da página: PROPUESTAS PARA LA RENOVACIÓN DE LAS METODOLOGÍAS EDUCATIVAS EN LA UNIVERSIDAD

Fiquei a saber que o Ministério da Educação e Ciência espanhol tem desde 2001 um Consejo de Coordinación Universitaria que "es el máximo órgano consultivo y de coordinación del sistema universitario. Le corresponden las funciones de consulta sobre política universitaria, y las de coordinación, programación, informe, asesoramiento y propuesta en las materias relativas al sistema universitario, así como las que determinen la Ley y sus disposiciones de desarrollo" E que existe uma Comisión para la Renovación de las Metodologías Educativas en la Universidad. Tem imensa lógica, não tem?

Daqui saltei para a Cátedra UNESCO de Gestión y Política Universitaria, "un espacio interdisciplinario, crítico, reflexivo, abierto y riguroso para el estudio, la investigación y el debate sobre las principales cuestiones y problemas de la gestión y de la política universitaria" e que publica títulos como "La profesión de profesor de universidad" ou "La tutoría y los nuevos modos de aprendizaje en la Universidad".

E tudo isto antes sequer de ler as PROPUESTAS. Vai ser um fim de semana longo...

Fica um extrato do Resúmen Ejecutivo, onde tomei a liberdade de realçar o que é óbvio, mas que tarda:

Ya en el terreno de las medidas concretas, las consideradas como más necesarias de
implantar son:
  • Establecer un plan estratégico con propuestas de innovación metodológica dirigido a la consecución de ciertas metas en plazos fijados de antemano.
  • Identificar, hacer “visibles” y diseminar buenas prácticas docentes.
  • Consolidar programas estables de formación del profesorado.
  • Definir, planificar y dinamizar un modelo educativo propio, con mención expresa a las metodologías.

terça-feira, outubro 10, 2006

Ao que isto pode chegar...

Primeiro tínhamos o respeito pelo Sr. P'ssôr, em que só o professor batia, e só nos alunos, e só na escola primária.

Depois a massificação do ensino e a banalização da figura do docente. Passou a ser mal visto bater nos alunos.

Depois a violência nas escolas, com professores a bater em alunos, alunos a bater noutros, pais de alunos a bater noutros alunos e nos professores, em todo o secundário. Cria-se uma linha psicológica de apoio aos professores vítimas de violência.

Depois os pais a virem às universidades com os filhos pela mão, para os matricular e instalar nos quartos.

O passo seguinte é alargar a pancadaria às universidades. Já começou na Escócia...

University and college staff in Edinburgh are facing growing levels of violence and abuse from students, lecturers' union leaders warned yesterday. One staff member has been sent a death threat by e-mail while others have found abusive messages landing in their inboxes. Others have reported being pushed or facing aggression from students, sometimes over relatively trivial matters. One has told how a student became aggressive after being told they would be deducted marks for handing in an assignment late. The 30 serious incidents reported to universities and colleges across the city over the last three years do not represent the true scale of the problem, according to union leaders.
The Scotsman

quinta-feira, outubro 05, 2006

Não tem nada a ver... ou terá?

Retirado daqui.

Conheço os trabalhos do Polyp através da minha assinatura do New Internationalist, e por isso tinha de comprar o livro dele.

Decidi trazer este cartoon para aqui pela relevância que ele me parece ter para as questões da educação. É que não aprendemos só na escola. Aliás, o que aprendemos na escola reflecte e é condicionado pelo que trazemos para ela. E a escola falha no seu papel se não reflectir sobre isto, e não fizer os estudantes reflectirem também.