terça-feira, julho 18, 2006

Afiando Bolonha

"Bolonha" é uma daquelas palavras que de tanto ser invocada vai perdendo o significado, um pouco como uma faca a perder o fio com o uso. É importante por isso manter a pedra de amolar da realidade à mão. E a realidade, neste caso, é a melhoria qualitativa que se gostaria de ver implementada no ensino superior português, em ligação com o espaço europeu. Claro que há os aspectos formais, aritméticos. Mas quer-se ir mais além.

Quer-se ensinar os nossos jovens a pensar. Quer-se que eles sejam independentes, críticos; que estejam bem consigo próprios, cientes do seu valor e das suas capacidades, sobretudo da sua capacidade de aprender. Quer-se (e relembro Edgar Morin, que por sua vez citava Montaigne) une tête bien faite, que em vez de acumular conhecimentos disponha simultaneamente de
  • uma aptidão geral para colocar e resolver problemas e
  • princípios organizadores que permitam ligar os saberes e conferir-lhes sentido.
Isto implica uma reforma bem mais profunda do que o que se está a fazer em muitos casos.

domingo, julho 09, 2006

Estágios

Numa altura em que se discutem acesamente novos modelos de formação, agradeço a LN o ter chamado a atenção para este trabalho de Susana Caires e Leandro S. Almeida, "Os estágios na formação dos estudantes do ensino superior: tópicos para um debate em aberto".



Os autores fazem uma taxonomia bastante completa dos tipos de estágios existentes, do seu enquadramento e da sua avaliação. Embora centrado nos estágios pedagógicos, e algo desactualizado no contexto de Bolonha, é um trabalho útil de contextualização e uma importante chamada de atenção para coisas que deviam ser óbvias.





Percebem o que quero dizer?

domingo, julho 02, 2006

Olhando a universidade


João Vasconcelos Costa editou em livro electrónico com o título em epígrafe uma selecção das reflexões que foi produzindo e divulgando em vários formatos na internet. Assumo que quem esteja interessado na temática do ensino superior em Portugal já tenha lido todos os textos de JVC, pelo que ele nos fez agora o grande favor de arrumar tudo num único volume. Só é pena não haver um índice- pode ser que apareça na segunda edição?

sábado, julho 01, 2006

Deusto e nós

Nada como um mergulho na água fria da realidade internacional para confirmarmos que não estamos a sonhar quando lutamos pela reforma do nosso ensino superior.

Nunca tinha ouvido falar da Universidade de Deusto antes de conhecer o projecto Tuning. Trata-se de uma universidade jesuítica, fundada em 1886 e com campus em Bilbao e em San Sebastián. Tirando o aspecto incongruente de apresentar a fé como motor do conhecimento, a UD tem feito um trabalho excepcional ao nível do ensino. Destaco o Plano Estratégico, agora na edição 2004-2007. Um dos eixos deste plano é a Inovação Pedagógica- têm um vice-reitor para a Inovação e Qualidade!!! Nesse âmbito desenvolveram um "Marco pedagógico" que é um documento impressionante pelo que revela de visão e determinação de excelência (a verdadeira!), ao serviço dos estudantes. Basta ver esta pérola:

Se trata de implicar al profesorado con un compromiso personal y profesional que sea capaz de desarrollar nuevas visiones en los alumnos que les conduzca al cuestionamiento y reflexión personal.
Nesta pequena ronda pela documentação produzida pela UD encontrei ainda um artigo em que, no contexto do Practicum (que me parece ser um estágio profissional de nível de mestrado) se desenvolvem considerações muito interessantes sobre os conceitos de competências, a respectiva relevância para o ensino superior e os respectivos métodos de avaliação.

Brrr! Estou gelado!