"Bolonha" é uma daquelas palavras que de tanto ser invocada vai perdendo o significado, um pouco como uma faca a perder o fio com o uso. É importante por isso manter a pedra de amolar da realidade à mão. E a realidade, neste caso, é a melhoria qualitativa que se gostaria de ver implementada no ensino superior português, em ligação com o espaço europeu. Claro que há os aspectos formais, aritméticos. Mas quer-se ir mais além.
Quer-se ensinar os nossos jovens a pensar. Quer-se que eles sejam independentes, críticos; que estejam bem consigo próprios, cientes do seu valor e das suas capacidades, sobretudo da sua capacidade de aprender. Quer-se (e relembro Edgar Morin, que por sua vez citava Montaigne)
une tête bien faite, que em vez de acumular conhecimentos disponha simultaneamente de
- uma aptidão geral para colocar e resolver problemas e
- princípios organizadores que permitam ligar os saberes e conferir-lhes sentido.
Isto implica uma reforma bem mais profunda do que o que se está a fazer em muitos casos.
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