sexta-feira, setembro 28, 2007
Um soco no estômago...
... foi o que senti ao ler este título: "Why minimal guidance during instruction does not work: An analysis of the failure of constructivist, discovery, problem-based experiential and inquiry-based teaching". Desculpe? Ando eu aqui a desunhar-me em experiências pedagógicas de ensino baseado em problemas, a usar o Moodle porque é baseado numa filosofia construtivista, a qual Guilhermina Miranda (que acabo de citar) defende ser um dos passos numa aprendizagem significativa, e afinal nada disto funciona?
Ainda não li mais do que o título, mas já espreitei a lista de publicações do autor, Robert E. Clark, e descarreguei mais alguns artigos de teor semelhante. Vou ler, seguramente: gosto de desafios!
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4 comentários:
Ai... já me arranjaste trabalho... (nesta fase de leituras e brainstorming para a tese de mestrado na fpce (provavelmente a ser futuramente orientada pela Guilhermina Miranda)
Mas, tal como dizes, a riqueza de tudo isto consiste nos desafios... e varrer para debaixo do tapete aquilo que consideramos poder contrariar as nossas convicções, a trave-mestra no nosso estilo de intervenção, também não serve para nada. Lerei... Obrigada pela dica e parabéns por este teu espaço e pelas intervenções no Aragem.
Também fiquei assustada ao ler o título que citas, parecendo deitar abaixo convicções minhas. A seguir, li só estas primeiras linhas do artigo ( e saltei para as conclusões por estar com pouco tempo): "On one side of this argument are those advocating
the hypothesis that people learn best in an unguided or
minimally guided environment, generally defined as one in
which learners, rather than being presented with essential information,
must discover or construct essential information
for themselves", e já fiquei mais descansada porque nunca aderi a extremos e uma coisa é descoberta pelos alunos, a que sempre dei muita importância, outra em que já vejo pouco bom senso é descobrirem ou construirem toda ou quase toda a informação por eles mesmos ou quase só por eles mesmos.
Isso de "an unguided or
minimally guided environment" faz-me lembrar as chamadas correntes não directivas da década de 70.
Na verdade, só vemos essas teorias extremadas nos teóricos, nunca vi nenhum professor, por mais defensor da aprendizagem por descoberta, praticar ou defender esses extremos.
Quanto a "construtivismo", ainda bem que não é só a minha pequenina pessoa que acha que há muita confusão sobre o termo, pois nas conclusões do artigo felizmente refere-se "current constructivist views" e "various banners of
constructivism". O meu conceito de construtivismo vem de Piaget e não tem nada a ver com essas concepções hoje em voga, mas quem sou eu para discutir o assunto? Só não resisti a comentar porque, como já disse, o título também começou por me assustar ;)
3ZA,
Uma mente aberta é aquela que não se esconde das contradições. O nosso ditado "O que não mata, engorda" podia ser adaptado para aqui: os desafios às nossas convicções tornam-nas mais fortes, porque nos obrigam a alicercá-las melhor. Ou então a revê-las, o que também não é mau.
IC,
Apesar de continuar sem ler o artigo :-( reconheço aqui um padrão: fazer um título apelativo, e construir o artigo atacando um espantalho. Ou seja, salientar a justeza das suas ideias por oposição a uma caricatura de uma posição filosófica tão levada ao extremo que ninguém se identifica com ela.
Não estou a dizer que este padrão é mau- trouxe-nos aqui a esta discussão, não trouxe? Lembro-me de um grande nome da Biologia, o Stephen J. Gould, que escrevia muito assim. Temos só que não nos deixar levar pela caricatura: as fronteiras da literatura científica e técnica são mais ténues do que muitas vezes pensamos...
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