Deixo aqui a foto do Rui Pedro, porque há amigos a quem nada se recusa. E o que me custa colocar aqui esta foto não é o meu desgosto pelas correntes, nem a futilidade do gesto (de que é que adianta?). É o ter que pensar que há gente que faz destas coisas, e assustar-me ao pensar nos meus filhos. Mais fundo: é ter que pensar na maldade, que normalmente não permito que me atormente.
Não sei o que aconteceu ao Rui Pedro. Mas sei de crianças usadas como soldados. Com nomes e rostos e histórias na primeira pessoa. E sei da pedofilia, claro. E do resto. E até tenho algumas ideias sobre porque é que estas coisas acontecem: manter um sistema límbico vindo do fundo dos tempos, no qual milhões de anos destilaram um egocentrismo atroz, e associá-lo ao cortex cerebral mais desenvolvido que este pobre planeta já viu, gera um leque de potencialidades. Para o muito bom, mas também para o muito mau.
É preocupante, pensar no fino verniz que nos separa da bestialidade mais hedionda. Chama-se cultura, esse verniz, chama-se civilização. E, como se vê, não precisa de muito para estalar.
sexta-feira, junho 22, 2007
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