Este ano vou outra vez tentar o ensino baseado em equipas. Não se lhe chamam grupos porque, se tudo correr bem, formam-se mesmo equipas de trabalho e não apenas um grupo de estudantes. (Quer dizer, eu chamo-lhes grupos na mesma... falar em equipas parece ou muito futebolístico ou muito presumido)
Trata-se de uma forma de ensino muito elaborada e com muitas regras, mas também muito desafiante. O ano passado houve coisas que correram menos bem, mas aprende-se sempre: os estudantes e eu!
Para mais sobre este tipo de ensino, ver este site ou este site e os vídeos.
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3 comentários:
Durante toda a minha vida de professora as minhas aulas funcionaram sempre numa estrutura de trabalho em grupo(s) e, depois de uma fase inicial, a dinâmica que se estabelecia era uma maravilha. Mas, além de se tratar do ensino básico (2º Ciclo, depois 3º), tratava-se da disciplina de Matemática (para a qual acredito convictamente que esse método é o adequado e um "segredo" para diminuir muito o insucesso nessa discipilna). Mas sempre me perguntei se esse método (ou essa estrutura de funcionamento das aulas - como se prefira dizer) seria adequado para outras disciplinas. Tenho curiosidade em saber a opinião de quem use o método noutras disciplinas, mas dou-me conta que não sei que disciplina(s) o Azevedo lecciona, nem se lecciona no Secundário ou no Superior (peço desculpa pela minha falta de atenção), pelo que provavelmente não faz sentido pedir a sua opinião. Mas deixei-me levar pelo título do post - tema que me é muito grato.
Obrigado pelo seu extenso e interessante comentário. Não tem que pedir desculpas, eu é que tenho muito que agradecer pela oportunidade de dois dedos de conversa.
Eu lecciono do Superior (v. perfil) e tenho estado a usar esta técnica sobretudo na minha disciplina de Ictiologia (aberta a visitantes, chave de inscrição ICTIO0809).
Os resultados até agora são mistos: umas coisas boas, outras menos boas. Mas acho que as primeiras compensam as segundas e vou continuar por duas razões, fundamentalmente:
- porque me parece importante que os estudantes desenvolvam capacidades de trabalho em equipa, mas daquele que enriquece em vez de prejudicar. A nossa sociedade afasta as pessoas, em vez de as aproximar.
- porque é muito mais desafiante para mim. Estou cada vez mais descontente com o papel do professor como artista de variedades, exibindo as suas habilidades (leia-se conhecimentos) para uma plateia amorfa.
Estas técnicas resolvem muitos dos problemas associados ao trabalho em grupo, nomeadamente as desigualdades no investimento de cada um. Separam a aquisição de informação, que pode ser feita individualmente (indo de encontro ao conceito de trabalho independente associada a Bolonha), da aplicação dos conhecimentos, que é desenvolvida na aula.
Haja dedicação dos estudantes, e criatividade do professor.
Caro Azevedo
Muito obrigada pela atenção ao meu comentário. Vou estender mais um pouquinho esta oportunidade para dois dedos de conversa, até porque verifico, pelas suas palavras, que os benefícios do trabalho em equipa são igualmente sentidos tanto a nível do ensino superior como a nível do básico, além de que a sua disciplina se insere na área da biologia-zoologia e, pensando na disciplina de Ciências do Básico, também esta eu cheguei a leccionar no meu estágio (apesar de a minha formação académica ser na Matemática) e igualmente assente no trabalho em grupo.
Mas volto a comentar (pedindo desculpa se não resisto a estender-me um tanto) porque diz que "estas técnicas resolvem muitos dos problemas associados ao trabalho em grupo, nomeadamente as desigualdades no investimento de cada um", e foi sempre precisamente por causa do modo de ultrapassar esses problemas que eu não conseguia convencer colegas a aderir a uma forma de trabalhar que me pediam para descrever e depois chegavam a experimentar para logo desistirem. É que o "segredo" para ultrapassar esses problemas passa, a meu ver, por um pouco de tempo, sem pressas, e, em geral, os professores querem as "regras" de funcionamento estabelecidas e cumpridas pelos alunos logo nas primeiras aulas. Ora, desigualdades no investimento, inconvenientes resultantes de sobreposição de "líderes" aos outros, etc., só vão sendo ultrapassados quando esses problemas começam a incomodar os próprios grupos - direi, resumindo, que as "regras" de funcionamento só são interiorizadas quando os próprios sentem a sua necessidade (já Piaget dizia mais ou menos isso sobre a passagem das crianças da heteronomia para a autonomia nas regras de conduta). Ora, era esse tempo necessário, desde que as coisas não correm bem até que comecem a correr (e aí entram as estratégias ou técnicas usadas pelo professor), era isso que fazia colegas meus experimentarem e logo desistirem, não chegando, portanto, à maravilha que era aquela dinâmica de grupo que acabava por se conseguir e definitivamente. (Digo 'maravilha' porque estou a falar de crianças e pré-adolescentes, e eles tornam-se de facto maravilha quando o ambiente é propício e as estratégias são adequadas e pacientes)
Pronto, não me alongo mais - acho que tenho a desculpa de ter passado a vida de professora a bater-me pelo trabalho em grupo na minha disciplina :)
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