terça-feira, setembro 13, 2005

Avaliação

Num ensino baseado no aluno e em que existe uma série de competências que se pretende que os alunos atingam, é fundamental fazer no início das aulas uma avaliação da situação de cada aluno relativamente a essas competências.



Ainda antes de fazer uma ideia do que eram competências eu já tinha sentido esta necessidade, e cheguei a fazer no início do ano testes-diagnóstico, em que cobria toda a matéria a leccionar. A reacção dos alunos foi positiva, mas não passei da fase de dar uma olhadela pelos testes. Em parte isto deveu-se ao facto de ter 3 disciplinas diferentes e turmas relativamente grandes. Mas também não estava à espera que os alunos soubessem alguma coisa e, tendo "confirmado" isso, prossegui o semestre como planeado.Também não cumpri o plano inicial de voltar a fazer um teste semelhante no final do semestre. A desculpa foi a falta de tempo, atenuada agora pela desculpa de que a própria avaliação da disciplina serviria de comparação.

Houve portanto aqui dois problemas. O primeiro foi o de não ter um objectivo muito bem definido para a avaliação, nem a ter integrado na planificação da disciplina. O segundo foi ter efectuado uma avaliação que ocupava muito tempo para analisar, o que me ajudou a que a análise não fosse feita.

Há também um outro factor, mais geral: a minha atitude negativa para com a avaliação. Encarava a avaliação sempre na perspectiva da punição: "Agora é que vamos ver o que sabes...!" E essa perspectiva estendia-se a todos os níveis da avaliação: a avaliação das Universidades era uma forma de o governo castigar as unversidades que não se portavam bem. E, claro, levantava suspeitas qualquer conversa sobre avaliação dos professores: "O que é que estes querem?..."

Este ano gostava de mudar isto, e portanto estou a ler "Classroom Assessment Techniques". É um livro que assusta, inicialmente: grande formato e mais de 400 páginas! Mas tem uma linha condutora clara, que se distingue com facilidade dos exemplos e casos de estudos que são usados para ilustração. E, para além da parte prática das técnicas de avaliação mais adequadas para os diversos objectivos, tem uma parte inicial muito valiosa em que a avaliação é contextualizada como essencial no processo de aprendizagem, tanto para o professor como para o aluno.

Não se trata aqui da avaliação dita sumativa: trata-se de fornecer aos professores ferramentas que podem utilizar nas várias etapas do processo de aprendizagem e em função dos seus objectivos. Percebe-se bem o conteúdo do livro a partir da descrição feita pelos autores dos pressupostos que levaram à respectiva redacção:

  1. Uma das melhores maneiras de melhorar a aprendizagem é melhorar o ensino.
  2. Os professores precisam primeiro de tornar explícitos os seus objectivos e depois de obter feedback sobre o grau em que os estão a atingir.
  3. Os estudantes precisam de receber um feedback imediato e completo, e de aprender modos de avaliar a sua própria aprendizagem.
  4. A avaliação que melhora o ensino e a aprendizagem é aquela que é conduzida pelos professores para responder a questões ou problemas da sua própria experiência.
  5. O inquérito sistemático e o desafio intelectual são forças poderosas de motivação e desenvolvimento para os professores.
  6. A avaliação eficaz não deve requerer treino especializado.
  7. Ao colaborar com colegas e envolver alunos no processo de avaliação, os professores melhoram a aprendizagem e ganham satisfação pessoal.
Sem preocupações de ser exaustivo, encontrei alguns sítios com boas informações sobre este tema. Um deles na Southern Illinois University-Edwardsville, e outro no Honolulu Community College. E ainda o Study Guide and Strategies, sobretudo focado no aluno e de onde é possível descarregar, por exemplo, um texto muito interessante sobre PBL.

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